A Rua Grande
(Rua Capitão-mor Galvão)
Relembro a velha “Rua Grande”
da minha infância com os olhos distantes,
de quase meio século.
A rua do rio, que esbarrava na cadeia;
A rua da igreja, que terminava na praça.
Passagem obrigatória dos que iam e vinham das festas na praça.
Nela, ainda vejo a “bomba”
enfeitando a janela de João de Chicó,
o riacho cheio em dias de chuva,
a pedra de “seu” Manequinho inda imponente...
Lembro de dona Júlia Duarte, de chicote na mão,
guardando seu ficus à passagem das passeatas políticas,
que tornava-se cômico, se não fosse trágico,
ver o couro passeando no lombo de algum desavisado .
Lembro-me como se fosse hoje,
Como se o tempo não tivesse passado,
Como se nada tivesse passado,
Como se o presente sequer houvesse chegado.
Lembro do meu avô no bloco dos motoristas,
De Raimundo Cruz com sua troça & família,
De Mário Aragão com seu motor,
Do “Assum Preto”, pássaro Anum Mará,
Com Inácio Gavião conduzindo a grande ave
Em rumo do “departamento”, em passo de ganso.
Me vejo nos jogos de bola na calçada do Armazém,
no cheiro de pão da Padaria Central ,
da oficina de “seu” Zé Augusto, de Paródi
e do velho Zé Tetéu.
Da rua velha, hoje apenas um ou outro rosto mais antigo,
Uma ou outra fachada ainda intocada,
Uma ou outra lembrança ainda rediviva,
muitas saudades que nos fere de morte.
Volney Liberato
Cronista e poeta currais-novense
Um comentário:
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